Discutindo a relação (by Carlos)

É senso comum que os homens têm aversão a discutir a relação (DR).
Mas nem tudo que é senso comum é verdade.
A raiz desse mal entendido está no conceito da DR.
Todo homem, mais do que gostar, considera importante definir os parâmetros de uma relação.
Vamos a um exemplo simples.
A garota com quem você saiu um par de vezes lhe pergunta, assim como quem não quer nada, com aquele sorrisinho melado:
- A gente está namorando ? ....
Claramente, trata-se de uma discussão de relação, com o objetivo de estabelecer as bases formais e alinhar expectativas para os próximos encontros. Muito útil, portanto, embora quase sempre precocemente instaurada.
Um homem medianamente inteligente decodificaria essa pergunta, compreendendo que “namorar” significa, para a maioria das mulheres, um contrato de exclusividade com cláusulas de serviço leoninas, onde a parte masculina se compromete a fazer investimentos relevantes e contínuos para receber benefícios intermitentes e duvidosos.
Consciente de que sua posição de “prospect” (cliente a ser conquistado) é mais favorável, responderia com simplicidade:
- Não. Mas estou disposto a avaliar essa oportunidade.
A reação típica feminina a essa resposta é desastrosa, como conseqüência de suas expectativas frustradas.
E aí está o ponto.
Para mulher, discutir a relação significa exigir a assinatura em um contrato de adesão, cujas cláusulas não se pretende que sejam questionadas ou alteradas. Apenas concordadas.
Qualquer atitude diferente desta é interpretada como extrema má vontade e deve ser exemplarmente punida.
A palavra “discussão” tem diversos sentidos em português. Vamos ao UOL-Michaelis:
- Do ponto de vista masculino, discussão é: argumentação que tem por fim chegar à verdade ou elucidar dificuldades.
- Do ponto de vista feminino: delimitação de direitos (dela) e deveres (dele)
A interseção dessas duas visões resulta numa outra possível definição:
- (tópico 6 do Michaelis) sustentação de razões pelas partes litigantes para que se esclareça a verdade do fato e se demonstre a quem assiste o direito pleiteado.
Com a ressalva de que a mulher não tem qualquer dúvida sobre a quem assiste o direito pleiteado.
Isto posto, é fácil compreender de onde vem essa interpretação equivocada da disposição masculina para a DR.
Um homem está sempre disposto a assumir uma postura modernamente ética na relação, negociando, de forma dinâmica, seus condicionantes.
Mas para isso seria necessário que a outra parte estivesse, também, a negociar.
Como isso raramente acontece, rapidamente classifica a DR como uma desgastante perda de tempo.
Por isso, procura evitá-la ao máximo e, quando não consegue, assina rapidamente o contrato e exige a prestação dos serviços, antes que se veja obrigado a descumprir as cláusulas.